Era uma vez uma mulher má, muito má. Um dia, ela fez goma para engomar a roupa. Veio o pardal da vizinha e comeu toda a goma. A mulher má cortou a língua do pardal e disse-lhe poucas e boas. O pardal, triste, triste, desapareceu na floresta. Chegou a noite e os donos do pardal não encontraram o seu bichinho de estimação. Procuraram por montes e vales e nada do pardal.
No dia seguinte, foram à floresta e lá estava ele, já com a língua recuperada, pois ele tinha poderes mágicos. O pardal ficou tão feliz ao vê-los que lhes ofereceu um banquete repleto de peixe e vinho na sua bela casa. Os filhos e netos do pardal serviram a mesa e, no final da festa, dançaram todos a "dança dos pardais". Quando o casal de velhos resolveu voltar para casa, o pardal mandou vir duas caixas e disse:
- Peço que levem convosco uma destas caixas. Qual preferem, a pequena ou a grande?
-Levaremos a mais leve - responderam. Somos velhos e não podemos carregar peso.
Com a caixa nas mãos, seguiram para casa e trataram de abri-la logo, logo. Qual não foi a surpresa ao verem pedras preciosas. Quanto mais tiravam, mais aparecia. A caixa era inesgotável e o casal tornou-se rico e afortunado.
Quando a mulher má ficou a saber que o pardal deu aquele presente aos velhos, mordeu os dedos de inveja e foi procurá-lo. O pardal recebeu-a muito bem na sua casa. Novamente mandou vir duas caixas e perguntou qual delas ela preferia. A mulher má respondeu:
- Eu fico com a maior e mais pesada!
Julgava que a caixa maior continha o dobro das riquezas. Pôs-se a caminho de casa vergada sob o peso da caixa que levava ás costas. Ao chegar, abriu-a imediatamente, mas da caixa saltou uma infinidade de diabinhos que lhe deram uma grande sova. Assim, a mulher má teve o castigo que merecia.